O problema da questão agrária no Brasil dura mais de cinco séculos e tem suas origens no processo de colonização portuguesa através das capitanias hereditárias e, posteriormente, com as doações de terras feitas pelos monarcas (as sesmarias). Mesmo após a nossa Independência as sesmarias não findaram e, nem a primeira Lei de Terras, de 1850, garantiu o acesso a terra as camadas populares.
Com a criação da República imaginava-se uma mudança na estrutura fundiária brasileira, porém o poder das oligarquias através dos coronéis não deixou ocorrer tais mudanças. A conseqüência histórica disso é que apenas 1% das propriedades rurais (estabelecimentos com mais de um mil hectares) no Brasil concentra 44% das terras agricultáveis.
Visando mudar essa conjuntura as pastorais sociais da Igreja Católica ligada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Igrejas ligadas ao Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC) e mais de uma centena de sindicatos e movimentos sociais do campo e da cidade, estarão realizando entre os dias 1° a 7 de setembro o Plebiscito Popular sobre o Limite da Propriedade da Terra.
No IFMT Campus Cáceres, estudantes, técnico-administrativos e professores ligados a Igreja Católica e movimentos sociais, estarão realizando a discussão sobre o Plebiscito, tendo-se em vista que parte de nossa missão educacional é estimular a cidadania e, que muitos de nossos discentes vão enfrentar a dura realidade da questão agrária e do emprego no Brasil.
QUAL A FINALIDADE DO PLEBISCITO? A atividade tem o intuito de mobilizar e conscientizar milhares de brasileiros sobre a questão da necessidade da Reforma Agrária, limite de terras e a preocupação com a Soberania Alimentar do povo brasileiro, já que 70% da nossa alimentação de subsistência são oriundas das pequenas e médias propriedades.
QUAL É A IMPORTÂNCIA DO PLEBISCITO PARA MATO GROSSO? Nosso Estado é o que tem a maior concentração fundiária do Brasil, sendo que apenas 22% das nossas terras estão nas mãos dos pequenos e médios proprietários. Isso aponta para os altos índices de migração do campo para cidade, desemprego nos centros urbanos e rápida degradação de nosso meio ambiente. Além disso, a alimentação de subsistência em Mato Grosso é cara, já que os grandes proprietários (com mais de mil hectares) destinam mais de 90% das suas terras agricultáveis a produção de produtos de exportação (soja e algodão).
